Os alimentos e a emoção caminham juntos em quase todos os momentos da nossa vida (festa, encontros, etc). Essa combinação, nutrimos desde que éramos crianças. Fazemos uma associação desde cedo com a comida e algo reconfortante, exemplo quando os bebês choram a primeira coisa a mãe faz é colocá-los para mamar, fazendo uma relação fome-conforto imediata. Quem nunca comeu algo gostoso para aliviar o estresse?
A comida em algum nível nos acalanta, nos acalma, nos tranquiliza e apazigua nossas dores, mas não irá resolver os problemas, porque é preciso escutar e entender o que estamos sentindo para solucionar nossas adversidades.
A comida torna mais leve a nossa dificuldade em lidar com nossos dilemas, mas quando passamos a realizar isso em excesso esquecemos de nos ouvir, questionar e solucionar esse problema. Precisamos olhar para dor que se tem, não querendo resolvê-la imediatamente e nem querendo fugir dela, mas tentando resolver da melhor forma possível.
O comer consciente cria um momento de consciência onde você pode escolher e decidir o que e quanto irá comer. Você pode, então, mudar os hábitos emocionais que têm sabotado sua alimentação no passado. A maioria de nós já experimentou o comer emocional, e usou a comida para fazer com que se sentisse melhor, preenchendo as necessidades emocionais, ao invés de encher o estômago
O uso de alimentos de vez em quando como um impulso, uma recompensa, ou para comemorar não é necessariamente uma coisa ruim. Mas quando comer passa a ser o seu principal mecanismo de enfrentamento emocional, e quando o seu primeiro impulso é abrir a geladeira quando está chateado, irritado, solitário, estressado, exausto, ou entediado, você fica preso em um ciclo nada saudável, onde o sentimento real ou problema sempre é mascarado.
O problema não é usar o alimento em algum momento para aliviar as tensões dos problemas que temos, mas utilizá-los sempre com esse propósito.
A fome emocional não pode ser preenchida com alimentos. A alimentação pode fazer você se sentir bem no momento, mas os sentimentos que desencadearam este ato de comer ainda estão lá. E muitas vezes você pode se sentir pior do que antes por causa das calorias desnecessárias que consumiu. Você percebe que fica cada vez mais difícil controlar o seu peso, e você se sente cada vez mais impotente perante a comida e seus sentimentos.
Diferentes emoções despertam diferentes formas de comer e este comportamento está intimamente ligado à obesidade e aos transtornos alimentares. As pessoas comem por estarem tristes, ansiosas, irritadas, etc., e não por estarem fisiologicamente com fome.
O comer emocional é um comportamento aprendido e, portanto, pode ser modificado e também um grande obstáculo para a mudança de estilo de vida.
O diário alimentar é uma ferramenta útil e seu objetivo pode ser ampliado. Além do registro das quantidades ingeridas, podemos instruir o paciente a registrar as emoções percebidas antes da ingestão de certos alimentos. A observação e registro das emoções ligadas ao consumo de alimentos leva tanto o nutricionista quanto o paciente a entenderem melhor o padrão (os alimentos, sensações, horários, velocidade, etc) e a partir do momento que se reconheceu o problema, podemos tentar que o consumo seja mais consciente, menos automatizado e em menor quantidade. Peça para o paciente registrar possibilidades de estratégias para quando estiver triste ou ansioso (ou para outras situações), assim, há maiores chances de que ele consiga colocá-la em prática. Desta forma, o paciente terá previamente pensando em outras possibilidades de ação, que não o comer, para lidar com o desconforto emocional. Umas das estratégias para controle de impulsos é justamente a antecipação de formas de lidar com a situação de risco, prevenindo o impulso de comer.